segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Esta noite não dormi direito. Praticamente não dormi. Toda tristeza e todo drama não saiam da minha cabeça. Passei a noite lembrando das vezes que enxerguei a morte como possibilidade e tentando não questionar os motivos de uns chegarem perto dessa fronteira e voltarem e outros não.

Comecei um texto que não consegui terminar.

"Há de se chegar um tempo que se possa viver de forma plena.
Há de chegar um dia em que seremos capazes.
Em quantos dias dormimos com a certeza de que tudo foi dito?
Todos os dias a vida e a morte nos rodeiam e conduzem nossos passos. Muitas vezes ignoramos. E não é de se estranhar: ás vezes a vida e a morte parecem nos ignorar. Passamos os dias sem abraçar a vida e sem sentir a ameaça da morte, sem perceber que tudo não passa de um equilibrio entre as duas. Cada passo e cada gesto só existe porque a vida e a morte vivem a testar os limites uma da outra. A cada avanço da morte, a vida grita aos nosso olhos.
Uma vez na fronteira, se sente todo o peso do tempo. Mas, como fazer no dia seguinte?"

Hoje despertei sem a certeza de ter dormido, mas certo de que não sonhei.

Vivemos administrando constrastes, no dia seguinte, a vida grita aos nossos olhos, querendo saber o que fizemos dela. Porém, há de se viver. E espero que aprendamos como.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Museu de Palavras

   Sou a favor de um museu de palavras.
   Quadros brancos, com letras pretas, que escrevem palavras antigas. Palavras que ninguém mais fala, nomes de coisas que não existem mais, gírias de carreira meteórica, coisas que só se fala em algumas regiões e palavras escritas com "ph" e trema.
   Disquete, relojoeiro, ponta-esquerda, "brasa, mora?", mandalete, tchê, bah, uai, pharmacia, lingüiça*.
   Em frente a cada quadro, um balcão com folhetos explicativos com o significado, origem, tempo e local de cada uma. Quem sabe até marcas página*  de souvenier.
   Surgiriam cópias e filiais deste museu em rodoviárias e aeroportos de todo o mundo: colocando um pouco de história a disposição e evitando uso errado de falsos cognatos.
     No ano novo descobri a palavra mandalete. Coisas de reunião de família. Fiquei repetindo "mandalete" mentalmente. Palavra ótima. Pelo som**, me pareceu que poderia servir para várias coisas, pessoas e máquinas, adjetivos, verbos e substantivos.
   Há quem diga que as palavras ficam soltas no ar. É verdade. Mas elas também carregam história e por causa disso despertam lembranças. Além de ótimos sons.
   Sou a favor de um museu de palavras.

* não sei o plural de marca página, também não sei como se escreve marca página depois da reforma ortográfica
** Atenção: a pronúncia é mandelête, não mandaléte.

À prova

Ter coragem para dar o salto.
E, no ar, perceber que não estava tão alto.
O paraquedas abre rápido.
Logo, o pouso.
Já é tempo de outro início,
sem repouso.

sábado, 5 de janeiro de 2013

As palavras tem um limite. Ás vezes o que se sente ultrapassa esse limite.
Do outro lado da fronteira, a única alternativa é viver de acordo com o que se sente.
Talvez se torne compreensível, mesmo sem palavras.