segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Plano de viagem

Naquele tempo, não davam muita bola para criar filtros para as palavras que usavam. Ele se mostrava inquieto com o mundo.
- Se tivesse tempo, faria um plano de viagem para ti, igual ao Elizabethtown.
Ele sorriu.
Nunca deu tempo.
Os planos ainda existem, mas são rotas distintas.

sábado, 24 de novembro de 2012

A carta, de Eduardo Galeano

Enrique Buenaventura estava bebendo rum numa taverna de Cali, quando um desconhecido se aproximou da mesa. O homem se apresentou, era pedreiro de ofício, perdoe o atrevimento, desculpe o incômodo:
- Preciso que o senhor escreva uma carta para mim. Uma carta de amor.
- Eu?
- É que me disseram que o senhor sabe.
Enrique não era um especialista, mas inchou o peito. O pedreiro explicou que não era analfabeto:
- Eu sei escrever, isso eu sei. Mas uma carta assim, não sei.
- E para quem é a carta?
- Para... ela.
- E o que o senhor quer dizer?
- Se eu soubesse, não precisava pedir.
Naquela noite, pôs mãos a obra.
No dia seguinte, o pedreiro leu a carta:
- Isso - disse, e seus olhos brilharam. - Era isso mesmo. Mas eu não sabia que era isso que eu queria dizer.



A carta, de Eduardo Galeano

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Anuncia o ponto final,
mas, como ainda tem folha,
continua a escrever.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Eu, caminhando por Pelotas.

   Uma cidade que me desperta. Faz aflorar meus sonhos e meus medos. Me faz lembrar meus sucessos, meus fracassos, meus sonhos e meus traumas. Sem pensar, volto. Pego a estrada para voltar. Volto pois tenho compromissos, mas os tenho porque preciso voltar. Volto porque preciso sentir. Caminho por ruas com cheiros de infância, paro em bares repletos de lembranças e vejo paisagens onde escuto novamente palavras que me concederam ouvir. Aqui, algumas paredes guardam meus sentimentos e fazem questão de devolvê-los quando passo.
   Em Pelotas, fico cheio de mim mesmo. Por isso volto, por isso vou embora.

sábado, 17 de novembro de 2012

Você segue as regras,
e acaba preso por elas.
Vai contra todas,
e acaba enlouquecendo.
Sem saber como sair ileso,
opta-se por ir (sobre)vivendo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

De quando a tristeza ganha (ou os relatos que ouvi sobre a depressão)

Segue-se,
passo após passo.
Firma-se,
o olhar no horizonte.
Esqueço
de ter certeza do que faço.
Não construo,
mais nenhuma ponte.

Sigo.
Uma vez firme para não cair,
esqueço de construir.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Sobre como prosseguir

A cada passo com o olhar no horizonte,
um olhar a menos para o passo de quem passa.
O passo ao lado, constrói uma ponte,
e isso é coisa muito fácil que se faça.
Paralelas que se encontram em cruzamentos,
e se tornam avenidas largas.
Para trilhas escondidas se tem momentos:
há mais olhares correspondidos e sorrisos dados,
quando se pode caminhar lado a lado.



quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Avaliação

Vai e vem,
o acaso que diz.
O que pertence e o que não tem?
De tudo que fiz
o problema foi quando duvidei,
ou quando acreditei?