segunda-feira, 31 de outubro de 2011

De tudo que assusta e foge do controle.

   Da sacada se vê o Sol se perder atrás dos prédios da cidade. Logo o céu faz desenhos por detrás deles em todos os tons de vermelho. A noite traz um vento leve e discreto. Da sacada sinto vento em meu rosto e observo os desenhos no céu serem tomados pela noite. O vento é leve mas nos toma aos poucos. Balança as roupas do varal, e sem que se possa perceber, enquanto o céu distrai com seu ballet de cores, ele perturba todos os sentidos. O vento sopra aos poucos mas não para de soprar. Se apresenta desimportante; um mero desconforto, talvez até uma brisa que chega na hora certa. A brisa envolve o corpo e aos poucos é só o que se pode perceber. Esfria o coração e acelera o pensamento. Sequestra o pensamento. Ocupa a mente. Cria um vazio dentro do peito, como um poço que secou. Aperta a garganta, como algo que deve se transformar em grito. Acabo por gritar. Sem perceber o que grito. Quando me chega o eco, o vazio aumenta e o aperto sufoca. E fico assim, até que o sol volte, misture as tintas por um dia inteiro e por fim volte a pintar um belo quadro com todos os tons de vermelho. Até que a noite venha e traga um vento, leve e discreto.
Perceber o instante que se tornará eterno e o sorrir durante ele.
Aceitar que essa eternidade vai existir na tua própria memória.
E caminhar em direção até o próximo instante eterno.
Aproveitando o caminho.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

D             E               P                 O               I             S


AGORA

D            E                 P                O                I             S

AGORA

D            E                 P                O                I             S

AGORA













De quanto tempo se precisa?

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Muitos anos se passaram.
Ele se senta no restaurante com a esposa. Sempre a trata com carinho. A esposa é bonita, simpática, educada e tem muita admiração por ele. Estão em um evento grande, alegres com o que estão fazendo. A vida caminho no passo certo.
Ele levanta para ir ao banheiro. No fundo do restaurante, um pequeno corredor leva a duas portas. Ele caminha olhando para o chão. Quando chega ao fim do corredor levanta o rosto buscando saber em qual porta deve entrar. Direita.
Ao ir em direção a porta, a outra se abre. O corredor é apertado, ele espera.
Da outra porta, ela sai. A mesma cor de cabelo e o olhar de quem sabe o que faz.
Cumprimentos. Ela ainda tem o mesmo cheiro. Como vai. Tudo bem. Evento legal né. Abraço. O mesmo cheiro e a pele ainda provoca o mesmo efeito quando toca a dele.
Os dois seguem seu caminho.
Erraram.
Não. Provavelmente ele que errou.
Os dois seguem seu caminho.



Muitos anos se passaram.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Ainda.

   Ainda sinto saudades.
   Mesmo que a paz tenha chegado ao meu coração, mesmo que peso já não pese nos meus pensamentos, ainda sinto saudade. Ainda sinto o estômago se abrir e aquele buraco frio tomar conta. Ainda sinto meus dedos se moverem sós, em direção a tua nuca.
   Mesmo que a paz tenha chegado por esses lados, mesmo que não provoque mais desespero, ainda sinto saudade. E já não sinto mais saudade de ver-te, de tocar-te. Disso, ficou o desejo. A saudade, forma de amor, e portanto de importância maior, é de sentir. Ou melhor, de não sentir.
   Mesmo que a paz tenha chegado, ainda sinto saudade. Saudade do tempo em que aprendi a não sentir. Livrei-me de pesos e medos, de necessidades e desejos. Passei a não sentir o que me era desnecessário.
   Mesmo que haja paz, e muita dela, a saudade predomina. Saudade de quando soubemos criar tempo e espaço. Do passo lado a lado, mesmo que desencontrado. De quando aprendemos que só olhar a lua ou o sol, já poderia preencher o dia. De fazer sem refletir, afinal, sentíamos e era o suficiente.
   A paz tem valor alto. Dificil de achar, fácil de perder. Mas mesmo que a paz tenha chegado, ainda sinto saudade.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Grito, grito e grito.
Talvez um grito mudo.
Mas ainda assim, um grito.
Procuro quem escute o silêncio.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Declarações à minha'lma (republicando)

Talvez, talvez,
(digo à minha'lma)
a solução seja simples.

Vou te escutar mais,
e quando gritares,
(esses gritos que chamam instinto)
não pensarei duas vezes.

Só tenho uma ocndição,
que tranquilo fique meu coração,
sem euforia ou agonia.

Assim, seguiremos tranquilos,
E quanto ao tempo,
(nosso antigo inimigo)
jogamos fora,
e inventamos o nosso.
O tempo passa.

Simples, poético e belo assim.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O quarto e a sala.
O quarto, a sala e a cozinha.
O quarto, a sala, a cozinha e o corredor.
O quarto, a sala, a cozinha, o corredor e o banheiro.
O quarto, a sala, a cozinha, o corredor, o banheiro e o carro.
O quarto, a sala, a cozinha, o corredor, o banheiro, o carro e a roupa.
O quarto, a sala, a cozinha, o corredor, o banheiro, o carro, a roupa e aquele gesto com a mão.
O quarto, a sala, a cozinha, o corredor, o banheiro, o carro, a roupa, aquele gesto com a mão e aquele movimento com os olhos.
O quarto, a sala, a cozinha, o corredor, o banheiro, o carro, a roupa, aquele gesto com a mão, aquele movimento com os olhos e o olhar reprovador.
O quarto, a sala, a cozinha, o corredor, o banheiro, o carro, a roupa, aquele gesto com a mão, aquele movimento com os olhos, o olhar reprovador e o conselho na ansiedade.
E o abraço sem palavras.

Impregnado no tempo e no espaço.
Não lembro de ter ficado tanto tempo sem postar.
Tempo para criar de outra forma.
Tempo para me recriar.
Tempo, o caminho de sempre.