segunda-feira, 31 de outubro de 2011

De tudo que assusta e foge do controle.

   Da sacada se vê o Sol se perder atrás dos prédios da cidade. Logo o céu faz desenhos por detrás deles em todos os tons de vermelho. A noite traz um vento leve e discreto. Da sacada sinto vento em meu rosto e observo os desenhos no céu serem tomados pela noite. O vento é leve mas nos toma aos poucos. Balança as roupas do varal, e sem que se possa perceber, enquanto o céu distrai com seu ballet de cores, ele perturba todos os sentidos. O vento sopra aos poucos mas não para de soprar. Se apresenta desimportante; um mero desconforto, talvez até uma brisa que chega na hora certa. A brisa envolve o corpo e aos poucos é só o que se pode perceber. Esfria o coração e acelera o pensamento. Sequestra o pensamento. Ocupa a mente. Cria um vazio dentro do peito, como um poço que secou. Aperta a garganta, como algo que deve se transformar em grito. Acabo por gritar. Sem perceber o que grito. Quando me chega o eco, o vazio aumenta e o aperto sufoca. E fico assim, até que o sol volte, misture as tintas por um dia inteiro e por fim volte a pintar um belo quadro com todos os tons de vermelho. Até que a noite venha e traga um vento, leve e discreto.

Nenhum comentário: