terça-feira, 16 de outubro de 2012

Instante rodoviário

Alto, com um boné de promoção enterrado na cabeça, uma camisa xadrez com 10 ou 15 anos, uma sacola amarela em uma mão e uma mala com a mesma idade da camisa na outra. Ao seu lado, uma senhora com um blusão de lã vermelho, muitas rugas e passos lentos. Os dois são acompanhados por uma jovem de calça leg e moletom listrado.


Os três entram no andar superior da rodoviária através da rampa de acesso externa. Olham para os lados, percebem as filas nos guichês e as pessoas esperando nos bancos espalhados pelo saguão. O homem e a senhora se olham. A jovem faz um sinal de ordem com a cabeça em direção a rampa que dá acesso ao andar inferior. Seguem no ritmo do passo lento da senhora que vai no centro do grupo, o homem, mesmo com a sacolas nas duas mãos tenta apoia-la para que caminhe melhor. A jovem segue sacudindo sua sacola, impaciente.

Um homem alto, usando uma camisete de gola V salmão e bermuda verde limão passa o lado deles, em direção aos guichês. Uma senhora elegante, salto alto, calça e capote em tons de marrom, desliga o celular com um semblante triste e passa a visualizar o horizonte.

Escrevo e observo isto sentado em um dos bancos da rodoviária fria. Fones no ouvido tocando a rádio que foi possível sintonizar, algumas malas em volta.



Todos somos passageiros.

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