quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sacadas

31 de Outubro publiquei isto:


De tudo que assusta e foge do controle.



Da sacada se vê o Sol se perder atrás dos prédios da cidade. Logo o céu faz desenhos por detrás deles em todos os tons de vermelho. A noite traz um vento leve e discreto. Da sacada sinto vento em meu rosto e observo os desenhos no céu serem tomados pela noite. O vento é leve mas nos toma aos poucos. Balança as roupas do varal, e sem que se possa perceber, enquanto o céu distrai com seu ballet de cores, ele perturba todos os sentidos. O vento sopra aos poucos mas não para de soprar. Se apresenta desimportante; um mero desconforto, talvez até uma brisa que chega na hora certa. A brisa envolve o corpo e aos poucos é só o que se pode perceber. Esfria o coração e acelera o pensamento. Sequestra o pensamento. Ocupa a mente. Cria um vazio dentro do peito, como um poço que secou. Aperta a garganta, como algo que deve se transformar em grito. Acabo por gritar. Sem perceber o que grito. Quando me chega o eco, o vazio aumenta e o aperto sufoca. E fico assim, até que o sol volte, misture as tintas por um dia inteiro e por fim volte a pintar um belo quadro com todos os tons de vermelho. Até que a noite venha e traga um vento, leve e discreto.


Agora, escrevo de outra sacada:

Da arte de buscar o caminho.


Da sacada se vê o céu espalhar suas nuvens de todas as formas. Nuvens negras formam um bloco negro e crescente à esquerda. Ao centro, acima de grandes árvores, algumas nuvens se movem: elas possuem o centro de um cinza muito escuro e as bordas, menos densas se pintam por ora de rosa, por ora de um vermelho muito claro. A direita fica a obra prima do dia: o sol se põe atrás de algums nuvens baixas e negras, ele se põe enquanto se esconde. E é desta posição que o sol ilumina as nuvens mais altas de um vermelho ainda mais bonito que os das nuvens do centro, esse vermelho conta com o contorno de um céu amarelado, um pedaço do céu que não quis aceitar o cinza do dia.
Agora, desta sacada, ainda escrevo com um vazio, mas não sinto mais o aperto. Observo os desenhos do anoitecer e o movimento das árvores em busca da certeza que me fará firmar o passo. Talvez encontre, talvez faça as malas.

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