domingo, 7 de março de 2010

Juan

Decidiu ser solitário.
Esse passou a ser o objetivo.
Juan queria esvaziar-se de dependências. Dependências sentimentais, temporais.

Juan se entregou ao acaso.
Juan se desvencilhará das intempéries.
Juan se incorporará às mudanças.

Juan, porém, não contava com suas próprias fraquezas.
Entregou-se ao acaso, achou-se independente daquilo que lhe prendia.
O acaso então lhe trouxe novos sentimentos, nova noção do tempo.
Com o tempo, há de acostumar-se.
Já os sentimentos, passaram a lhe dominar.

Em uma dessas noites que inicia junto com amigos e termina com um diálogo com a noite, com a lua e/ou com uma estrela, Juan desvencilhou-se de tudo e de todos, pois tudo e todos não estavam na mesma sintonia.

Juan afastou-se.
Conversou com a noite, com o vento, com Deus, com a lua.
Cantou para estrela.

Sintetizou seus sentimentos:

"Eu só queria trocar olhares, entre um gole de cerveja e outro.
Eu só queria conseguir um abraço, entre uma história e outra.
Eu só queria um beijo furtivo, entre uma dança e outra.
E no fim de tudo, quando o sol pensasse em aparecer,
Eu pegaria sua mão, e a levaria para casa.

Só isso que eu queria.
Sem declarações, sem definições, sem promessas.
Apenas fluxo de sentimento, dentro de qualquer medida de tempo,
fora de qualquer dependência, sem enfrentar nenhuma resistência."


Depois de escrever,
Decidiu ser solitário.
Esse passou a ser o objetivo.

2 comentários:

Victor Albaini disse...

intempéries :P

"E Juan aceitou sua sentença"

T! disse...

Lendo teu texto lembrei de um poema do Neruda que amo. Acho que também vais gostar.

Quero saber

Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender

Pablo Neruda (Últimos Sonetos)

Tu escreve muito bem. Parabéns pelo blog.

=)